Discípula da avó e da mãe, Maria do Carmo dos Santos, mais conhecida como Neguinha, colocou a mão no barro ainda pequena. Suas primeiras criações foram as tradicionais panelas de barro, bastante utilizadas na época para cozinhar. Neguinha nasceu e cresceu no município de Belo Jardim, no Agreste de Pernambuco, onde vive até hoje com sua família. “Eu comecei quando eu tinha sete anos de idade. Trabalhava com peças miudinhas que eram feitas para as crianças brincarem. Com dez anos eu comecei a fazer as panelas grandes”.
No início da carreira ela desacreditou no poder do seu trabalho, pois achava o município onde morava muito “parado” para época. Neguinha conta que vendia cem panelas de barro por apenas R$ 40, e com isso seu lucro era baixíssimo. Porém, assim como a mestra Cida Lima, ela também experimentou várias mudanças em seu trabalho após conhecer a artista plástica Ana Veloso, que na época coordenava o projeto Estado de Arte, da Secretaria de Cultura de Belo Jardim, que tinha como foco revitalizar a produção artesanal do município e estimular a potencialidade dos artesãos do local.
Maria do Carmo dos Santos, é a Mestra Neguinha, depois das panelas tradicionais vieram tamanduás, Cabeças, São Francisco, Frei Damião, travessas, galinhas, um monte de coisa. “A gente começou a se inspirar, começou a fazer e, graças a Deus, está dando certo”. Herança indígena, a louça de caboclo não faz uso do torno. O molde é dado pelas mãos que conhecem a textura e a plasticidade do barro e sabem guiá-lo de acordo com os desejos da imaginação. Depois de secas na sombra, são levadas para o forno onde ficam por mais ou menos três horas. Os desenhos são feitos com pena de galinha e as cores vêm da argila tauá.
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